Puerpério. Esse nome é meio esquisito mesmo, um tanto estranho, eu pessoalmente antes de passar por ele mal sabia do que se tratava, mas depois que o conheci posso dizer que não vou me esquecer desse nome tão cedo e da profunda experiência que ele me trouxe.
Sinto que ainda é um tanto tabu se falar de puerpério e pós-parto. Sinto que o assunto é meio off, como se fosse algo a ser abafado, até mesmo ignorado. Porém ele é real, ele existe, e toda mulher que tiver um filho terá que passar por essa experiência. Queira ou não. Faz parte. Por isso acho muito bom e válido falarmos sobre isso.
Claro que cada experiência é muito pessoal e única. As vezes nem conseguimos contar tamanha é a peculiaridade. E muitas vezes poucos irão nos entender.
Minha experiência com o puerpério foi das mais intensas. Chorei tudo que o que tinha pra chorar. Ri às gargalhadas tudo o que podia também.
Sim parecia uma louca. Ou será que não estava um tanto insana? E olha posso dizer que essa insanidade toda me fez muito bem. Fácil não foi mas foi de muita valia pro meu desenvolvimento e crescimento pessoal.
Foi ali que mergulhei num mar desconhecido e bem profundo, cheio de incertezas e desafios. E me joguei com tudo.
Fazia tanto tempo que eu não deixava o mundo parar e focar somente naquilo que estava acontecendo naquele exato momento.
Éramos eu e meu filho. Meu filho e eu. Eu com minha nova vida, com minha nova pele, com meu novo corpo, meu novo compromisso, meus novos pensamentos, minhas novas sensações, meu novo eu. Com minha cria nos braços.
Uma nova percepção de tempo e espaço.
Lembro que uma coisa que sentia e pensava constantemente naquele período era se minha vida iria voltar, se meu antigo eu iria voltar, quando aquilo tudo iria se normalizar.
E o mais engraçado é que nada daquilo voltou. Nada mais foi como era antes.
E com o passar do tempo as coisas foram se transformando mais e mais. Porém com mais suavidade. E como em toda transformação tive que deixar algumas coisas pra trás para abrir espaço pro novo.
Não é algo fácil. Porém é muito libertador. É como se fosse uma travessia. E daquelas sem volta.
Aquilo tudo me dava cada vez mais a sensação de sentir a grandiosidade do mundo em minhas mãos. Eu responsável por um ser. E isso era tão assustador mas ao mesmo tempo muito empoderador. Aquilo me fortalecia ao mesmo tempo que me despia. Uma fusão intensa.
Enquanto amamentava me sentia uma leoa, uma rainha. Mesmo com todas as dificuldades iniciais que tivemos com a amamentação. Cada conquista era uma grande vitória.
Eu e somente eu nutria meu bebê, que crescia com a ajuda do meu próprio leite. Aquilo pra mim era algo quase surreal, algo incrível.
A natureza em sua verdadeira versão.
Essa experiência toda me fez pensar e refletir muitas coisas da minha vida, repensei muitos padrões, crenças, comportamentos, atitudes, e olhando ali aquele serzinho tão pequeno, aquela vida nova, me fez perceber que muita coisa que antes me cabia já não servia mais, não havia mais sentido.
Sentia que uma fase nova e boa estava pela frente. Que muita coisa estava mudando e que muita coisa ficaria pra trás.
Aquilo me paralisava. Eu não tinha ideia do que vinha pela frente. Só sabia e sentia que as coisas estavam mudando, se transformando.
E assim segui, aceitando o novo momento.
Hoje sou mais forte. Hoje me sinto melhor comigo mesma. Aceito esse meu processo apesar do medo diante do novo e do desconhecido.
E foi essa a minha experiência com o puerpério, foi isso que ele fez comigo. Me revirou completamente. Me colocou de frente comigo mesma.
Com ele aprendi a aceitar melhor as mudanças da vida, com mais coragem. Aceitar a grandeza da vida.
E apesar do desafio, confiar, me entregar e seguir.
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