Nem tudo são flores…
Sim, já sabemos que o período de pós-parto e puerpério não é feito só de flores, nessa fase muitos espinhos e sombras aparecem, e quando vem, vem com tudo.
Você ali num misto de amor incondicional, amor maior que tudo, com aquele bebê lindo e cheio de vida nos braços. E junto com tudo isso pode acontecer (geralmente acontece) sentimentos estranhos e inusitados lhe invadindo pois você está com uma noda vida, com um novo corpo, com novas responsabilidades, numa nova rotina, uma nova realidade.
Você é uma nova mulher, agora você também é mãe.
Tudo isso já um mix de sentimentos e sensações. Algo indescritível que só quem passa sabe.
Agora imagina que além disso tudo aconteceu alguma coisa que lhe marcou durante o parto, ou algo não muito agradável que tenha lhe incomodado, que está rondando dentro de você. Muitas vezes pode ter sido algo incontrolável já que parto é descontrole puro, nunca sabemos como será e que desfecho terá.
Pode ter sido um trabalho de parto que terminou numa cirurgia cesariana, ou um parto difícil, ou um parto traumático, ou você pode ter sofrido de algum tipo de violência obstétrica (o que infelizmente ainda é muito comum), ou você descobre que foi enganada pela obstetra nos 45 do segundo tempo, ou aquele parto tão sonhado e planejado não foi nada daquilo, ou alguma outra experiência que deixou algum tupo de dor interna, alguma revelação.
Uma sensação de que você precisa entender melhor o que aconteceu, ou simplesmente falar sobre aquilo com sinceridade.
As experiências são muito variadas e cada mulher tem a sua própria vivência de parto.
Aprendi com minha professora de doulagem, a querida e experiente Ana Paula Markel, que a única pessoa que pode saber realmente como foi o parto é a mulher. Pois foi ela que passou por tudo aquilo. Mesmo que quem esteve junto na hora do parto possa relatar o oposto do que a mulher relata.
(fica a dica, sempre escute com atenção uma mulher falando do seu parto e nunca a queira questionar ou revidar, afinal o parto é dela e do bebê)
E sim, acontece muito mais do que sonhamos imaginar esse fato dos fantasmas do parto rondar a mulher na fase de pós-parto e puerpério. Pois o parto acabou de acontecer e é um evento marcante pra vida toda!
Se isso aconteceu ou está acontecendo, ali dentro de você existe um sentimento que é legítimo, íntimo, pessoal, verdadeiro. Que é sou seu. E não adianta fingir que ele não existe pois ele vai continuar ali lhe incomodando.
Agora mistura esses dois sentimentos: o de amor incondicional a esse outro de angústia / frustração / tristeza / dor / trauma (ou o que você estiver sentindo em relação ao seu parto) e some tudo isso com o pós-parto e puerpério que por si só já é uma grande explosão de hormônios e sensações.
E agora o que fazer com tudo isso? Quem vai me entender? Quem vai me ajudar?
Nem sempre encontramos apoio onde estamos ou perto de nós. Não por mal mas esse assunto não é muito difundido e a maioria das pessoas não estão preparadas para lidar com isso.
Na verdade não fomos educados para lidar com certos tipos de emoções. Mas saiba que é muito importante uma rede de apoio nesse momento. Esse momento é agora e passa rápido (mesmo que pareça uma eternidade!).
Vou colocar aqui algumas opções de rede de apoio que você pode ter nesse momento.
#1 – Grupos de mães no facebook: Quando eu estava no meu pós-parto e início de maternidade participei de alguns grupos de maternidade que foram fundamentais para meu fortalecimento como mulher e mãe. Inclusive fiz amizades muito especiais e que perduram até hoje. Então procure algum grupo que você se identifique, se sinta à vontade e em sintonia. Geralmente nos sentimos mais a vontade pra desabafar com quem está passando ou já passou por algo parecido.
#2 – Grupos de apoio a amamentação: Sabemos que as questões emocionais que envolvem o pós-parto podem prejudicar diretamente a amamentação, que já não é das coisas mais fáceis de se lidar nesse momento. Por isso informação de qualidade e apoio nessa fase é fundamental.
#3 – Grupos presenciais de pós-parto e maternidade: Veja se já existe algum grupo de apoio presencial na sua cidade, e se não tem nenhum grupo de maternidade perto de onde você mora esse é um ótimo momento de você mesma juntar algumas mães amigas que estejam na mesma fase que você. A energia feminina e materna move montanhas.
#4 – Seu(sua) companheiro(a): Se você tem um companheiro ou companheira se abra com ele(a). Nada melhor do que abrir o coração quando estamos com algum desconforto interno. Tente expor seus sentimentos pois geralmente a outra pessoa que não está com os hormônios em ebulição não consegue entender tudo o que se passa internamente com uma mulher nessa fase. Mas quando nos abrimos as coisas ficam mais leves e claras, acredite.
#5 – Sua família: a família pode ser uma ótima rede de apoio nesse momento. Mesmo que não for um ouvido atento ou que você não queira se abrir com as pessoas da sua família, uma comida gostosa e quentinha pode ajudar. Alguém que lhe ajude com a casa. Alguém que fique com o bebê enquanto você toma um bom banho.
#6 – Consultar uma doula pós-parto: é um serviço um tanto novo aqui no Brasil mas posso dizer por experiência própria que vale muito a pena. Mexeu tanto comigo ter esse apoio no meu pós-parto que hoje eu mesma trabalho como doula pós-parto. <3
Para saber mais como funciona o trabalho da doula pós-parto dá uma olhadinha aqui.
Bem, acho que é isso. Se você tiver mais ideias e sugestões de rede de apoio, por favor, coloque aqui nos comentários. Porque juntas somos mais fortes!
Você que está passando por essa fase, que tipo de apoio está precisando?
E se já passou por essa fase, qual foi a melhor ajuda (rede de apoio) que você teve?
(porque quando temos a ajuda certa nesse momento, aquela que fez a diferença, guardamos pra sempre na memória e no coração)
Conta aqui nos comentários! Quem sabe ajuda alguma mulher mãe que esteja lendo esse texto e esteja passando pelo pós-parto e puerpério nesse exato momento.
Muito legal!
Importante dividir tudo isso com as pessoas, para terem oportunidade de refletirem sobre…
Muito obrigada!